
Modalidade tipicamente brasileira, o consórcio imobiliário é visto como uma forma mais barata de adquirir a casa própria. Mas há desvantagens, como depender de sorteio para receber a carta de crédito e fazer a aquisição.
O consórcio é uma forma de autofinanciamento desenvolvida no Brasil e usada por milhões de pessoas para adquirir um bem. São tradicionais os de automóveis e motocicletas, mas a modalidade vem ganhando espaço também entre quem quer comprar a casa própria. Mas como funciona o consórcio imobiliário?
Resumidamente, uma instituição financeira – a administradora do consórcio – reúne um grupo de pessoas que têm o objetivo de comprar um imóvel. No consórcio, elas guardam dinheiro juntas todos os meses. E a cada mês, o valor das parcelas pagas por todos os participantes do grupo é usado para que pelo menos um deles faça a sua aquisição.
Como funciona o consórcio de imóvel:
Um consórcio de imóvel tem o mesmo funcionamento de outros tipos de consórcios: os participantes do grupo pagam parcelas periódicas e formam um fundo comum usado para comprar a casa própria. O valor do imóvel é dividido pela duração do grupo, definida previamente. Na prática, cada integrante paga uma fração dele.
Todo mês – ou, em alguns casos, em outra periodicidade – administradora sorteia parte do fundo para um ou mais participantes. O sorteado receberá uma carta de crédito no valor definido no começo do consórcio e poderá usá-lo para comprar o imóvel.
Nessas ocasiões, os participantes também podem dar lances – ou seja, oferecer uma antecipação do pagamento. Via de regra, o lance maior leva a carta de crédito.
Suponha que, em um determinado mês, um participante de um grupo de consórcio de imóvel aceite quitar 50% da dívida e ninguém esteja disposto a dar um lance maior. Nesse caso, o participante será contemplado com a carta de crédito.
Custos do consórcio imobiliário:
Ao contrário de outras formas de financiamento, no consórcio de imóvel não há o pagamento de juros à instituição financeira. O consorciado, porém, tem de arcar com outros custos, como taxa de administração, seguro e, em alguns casos, fundo de reserva.
Todos esses custos juntos costumam representar mais de 20% do valor do imóvel. Por isso, antes de comprar um consórcio de imóvel, é importante questionar qual é o custo total da operação, incluindo todas essas despesas.
Por outro lado, alguns custos comuns nos financiamentos imobiliários não existem no consórcio de imóvel. É o caso, por exemplo, do IOF (Imposto de Operações Financeiras). O consórcio é isento dessa taxação.
Como usar o FGTS no consórcio de imóvel:
Os recursos acumulados no FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), que costumam ser resgatados por quem vai financiar um imóvel, também podem ser usados no consórcio imobiliário.
Ao fazer um lance:
Até 100% do saldo da conta do FGTS pode ser usado para ofertar um lance. Para tanto, o participante deve apresentar seu extrato do FGTS à administradora.
Para complementar a carta de crédito:
Também é possível usar o FGTS para complementar a carta de crédito na hora de adquirir o imóvel. Se a carta de crédito é de R$ 300 mil, por exemplo, mas a casa custa R$ 350 mil, o participante pode sacar R$ 50 mil do FGTS para fechar o valor total.
Na oferta de lance quanto na complementação da carta de crédito, o FGTS é liberado diretamente ao vendedor do imóvel.
Se a casa estiver pronta, a liberação ocorre após a entrega do contrato ou escritura de compra e venda registrada no Cartório de Registro Imobiliário. Para imóvel em construção, o repasse dos recursos demanda comprovar a conclusão da obra.
Para amortizar ou liquidar o saldo devedor:
O FGTS pode ser usado para amortizar parte do saldo devedor ou liquidar toda a dívida, desde que o consorciado já tenha sido contemplado e adquirido o imóvel.
Isso pode ser feito com uma ou mais cotas, desde que utilizadas na aquisição do mesmo imóvel. Para a amortização, as prestações do consórcio devem estar em dia na data da utilização. Na liquidação de todo o saldo, pode haver parcela em atraso.
Para quem vale a pena o consórcio imobiliário:
Embora seja uma modalidade mais barata que o financiamento, o consórcio imobiliário é interessante para alguns perfis de pessoas. Para outros, pode acabar se tornando uma dor de cabeça.